Atuação Mandū com sistemas híbridos de ensino/aprendizagem para a execução de programas sociais é tema de palestra na FIFE 2022

27/04/22 | Sem categoria

Mandū participa da FIFE 2022 (maior evento sobre Gestão no Terceiro Setor), com a apresentação da nossa Gerente de Inovação, Bruna de Paula, abordando o tema: “Os Sistemas híbridos de ensino/aprendizagem para a execução de programas sociais”, baseado na experiência da Mandū de implementação de projetos durante a pandemia do Covid-19.

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A Mandū atua no desenvolvimento de iniciativas de investimento social em diversos municípios do país. Um estado que se destaca em sua área de atuação é o Maranhão, que há quase 10 anos desenvolve projetos de desenvolvimento comunitário e de inclusão socioprodutiva. 

Em março de 2020, quando foi decretado a pandemia da Covid-19 haviam 10 programas ativos, que atendiam cerca de 35 comunidades maranhenses. O maior deles composto por 22 comunidades tradicionais em 12 municípios, sendo a maioria na zona rural.

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A expansão da pandemia da Covid-19 impôs sérias restrições à execução de projetos sociais. Atividades presenciais foram interrompidas, sendo que, até aquele momento, as ações formativas eram realizadas 100% de forma presencial e nenhum dos projetos contava com uma estrutura de conectividade pronta para o desenvolvimento de ações remotas. 

Nesse sentido, mostrou-se necessária a busca por inovações disruptivas para assegurar o atendimento às comunidades participantes. Mas como continuar atendendo comunidades que possuem baixa infraestrutura de conexão e que estão em áreas remotas?

As comunidades atendidas no Maranhão são carentes de serviços públicos e recursos. Há inclusive a carência de conectividade, como cabeamento de linhas telefônicas e até sinal de telefone. 

A população não tem computador e quando muito, acessam a internet pelo celular e em alguns pontos dentro da comunidade, mas por vezes o celular funciona apenas na rodovia, ou próximo ao centro urbano.

Essa realidade não se restringe às comunidades atendidas pela Mandū no Maranhão. No Brasil, a falta de acesso a recursos digitais aliados a baixa conectividade por famílias de baixa renda é um gargalo para aplicação da abordagem híbrida de ensino e para a execução de projetos sociais remotamente.

Para lidar com as incertezas que a pandemia gerou em relação a quando seria possível retomar as atividades presenciais, a equipe técnica da Mandū se reuniu com o  parceiro financiador do seu maior programa no Maranhão e propôs que fosse realizado um remanejamento de recursos para viabilizar a implementação de um plano de conectividade que fornecesse infraestrutura e conexão às comunidades atendidas,  para  que, dessa forma, a metodologia do Programa fosse adaptada para  execução de forma remota durante a pandemia, e no formato híbrido, quando já houvesse avanço na vacinação e redução das restrições de  distanciamento social.

A proposta foi aprovada e ofereceu as comunidades contempladas:

1. Apoio na estruturação de 1 sala multimídia na associação e/ou espaço público da comunidade, disponibilizando internet e monitoria de inclusão digital (para um membro da comunidade), responsável por cuidar do espaço, realizar a manutenção dos equipamentos e apoiar na inclusão digital no  território;

2. Custeio dos gastos de implementação durante a execução do programa (custos fixos de uma bolsa mensal p/ o monitor, provedor de internet e aquisição de equipamentos eletrônicos);

3. Suporte para as associações no desenvolvimento de um plano de sustentabilidade (autofinanciamento) após a conclusão do programa;

4. Formação do monitor e disponibilização de conteúdos digitais ligados à realidade local para estimular o conhecimento e desenvolvimento comunitário.

Todavia, levar conexão para regiões com baixa infraestrutura não é uma tarefa simples e, para isso, foi necessário identificar (com o apoio das lideranças comunitárias) quais empresas locais disponibilizavam serviços de internet, as modalidades oferecidas (fibra ótica, satélite ou rádio) e avaliar a que oferecia o melhor plano, com base nas características e infraestrutura de cada localidade.           

O processo todo de identificação, contratação e instalação da internet, do monitor de inclusão digital e dos equipamentos levou cerca de 3 meses, e, em dezembro de 2020, todas as 22 comunidades já possuíam uma estrutura de conexão.    

Além disso, neste período, a metodologia foi remodelada para que o plano de digitalização do Programa se tornasse uma realidade no “novo normal”, visto que, não se enxergava a tecnologia aplicada ao programa como um paliativo, frente às restrições impostas pela Covid-19, mas como uma oportunidade de realizar inovações disruptivas na forma de desenvolver negócios sociais e de fortalecer associações comunitárias. 

Nesse sentido, avaliou-se um conjunto de metodologias e boas práticas de educação à distância e educação presencial mediadas pela tecnologia e concluiu-se que o ensino híbrido que aposta na combinação de ferramentas, ambientes e organizações para potencializar a aprendizagem poderia promover a harmonização e integração de um conjunto de técnicas presenciais e a distância.

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O ensino híbrido é considerado qualquer programa educacional formal no qual um estudante constrói sua aprendizagem, pelo menos uma parte, por meio do ensino online em que o mesmo tenha controle de algum elemento (tempo, lugar ou ritmo). É também quando o estudante aprende, pelo menos em parte, em um local físico supervisionado longe de casa. A terceira parte da definição descreve que as modalidades, ao longo do percurso percorrido para a aprendizagem de cada estudante, quer seja em uma disciplina ou curso, estão conectadas para fornecer uma experiência de aprendizagem integrada. (LEITE, 2017, p. 212).

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Portanto, em 2021, as ações passaram a ser híbridas. Foram iniciadas reuniões e ações educativas mediadas pela tecnologia.  Para isso, a equipe técnica do projeto remodelou toda a proposta pedagógica para o formato híbrido e fez o treinamento prévio dos monitores para que eles se apropriassem das ferramentas digitais que seriam usadas durante as atividades e para que se tornassem os facilitadores locais, visto que, diante medidas restritivas impostas pela Covid-19 a equipe do projeto não poderia estar presencialmente nos territórios.

 Atualmente iniciativas do Programa seguem em curso no sistema híbrido de ensino e aprendizagem. Um exemplo é o curso de formação de gestores comunitários de projetos que está em andamento desde o segundo semestre de 2021 e é voltado aos representantes das associações comunitárias das 22 comunidades tradicionais. A formação contempla:

  • aulas assíncronas com conteúdos gravados (vídeos, podcasts, jogos e fóruns interativos) em plataforma de ensino a distância;
  • aulas síncronas online que permite a fixação dos conteúdos e assessoria aos alunos por meio oficinas por plataforma de videoconferência e realização de palestras, webinars e/ou lives ao vivo;
  • aulas presenciais que permitem aplicar os conhecimentos obtidos por meio de atividades práticas e elaboração de projetos.

Nessa direção, a Mandū vem dando seguimento às suas ações e consolidando uma estrutura de conectividade nas comunidades tradicionais para catalisar o desenvolvimento de negócios inclusivos e colaborar com o fortalecimento das associações locais por meio do ensino híbrido.

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