No cenário empresarial atual, a ligação entre práticas sustentáveis e economia nunca foi tão crucial. À medida que o mundo enfrenta desafios ambientais cada vez mais urgentes, as empresas estão sendo chamadas a repensar não apenas seus modelos de negócios, mas também seu impacto sobre a biodiversidade e os ecossistemas globais.
Neste contexto, a agenda ESG emerge como um guia vital para empresas comprometidas com a sustentabilidade econômica, enfatizando a urgência de incorporar preocupações ambientais em todas as suas atividades.
Diante de consumidores cada vez mais engajados e frente à crise das mudanças climáticas, é importante que você venha ler este artigo e entender melhor a contribuição das práticas ESG para a preservação ambiental e economia.
Vamos lá!
Emergência: Meio ambiente e mudança no clima
Não há mais tempo para postergações. Antes a nossa sociedade tinha o seguinte pensamento: “Coloque a meta para 10 anos e até lá resolvemos”; os anos se passaram e os quadros de piora foram notáveis. Aumento de desmatamento, poluição do ar, graves mudanças climáticas, escassez de água… O amanhã chegou e precisamos fazer algo.
As cenas de horror e tristeza que estamos vivenciando com o Rio Grande do Sul não se remete apenas ao nosso país. Em um curto período de 12 dias, 10 países sofreram graves inundações: Brasil, Hong Kong, Líbia, Grécia, entre outros.
Não temos mais tempo para pensar no futuro, precisamos fazer o presente. A Organização das Nações Unidas (ONU), por exemplo, estima que desde 2015, o número de pessoas afetadas em todo o mundo por desastres climáticos aumentou 80%. Não podemos esperar ficar irremediável.
O que é ESG?
ESG, abreviação de Environmental, Social and Governance (ambiental, social e governança), refere-se a um conjunto de critérios utilizados pelas empresas para avaliar e monitorar suas práticas em relação a fatores ambientais, sociais e de governança corporativa.
Originado a partir de um relatório da ONU, “Who Cares Wins” em 2005, o conceito ESG ganhou maior visibilidade em 2021, após uma carta enviada pelo presidente da BlackRock aos seus clientes, destacando a urgência das empresas adotarem práticas ESG.
O ESG tem como objetivo aprimorar a gestão empresarial, promovendo relações mais sustentáveis com fornecedores, distribuidores, funcionários, clientes, meio ambiente e comunidades locais. Estes critérios abrangem diversas áreas de atuação de uma empresa e exige que profissionais, especialmente a liderança, compreendam e dominem os três indicadores ESG.
Os indicadores ESG incluem:
Ambiental:
Envolve práticas que visam minimizar o impacto ambiental das operações da empresa, como gestão de resíduos, eficiência energética, preservação da biodiversidade e adoção de práticas de economia circular.
Social:
Refere-se às iniciativas que buscam promover o bem-estar dos colaboradores, comunidades locais e sociedade em geral. Isso inclui garantir condições de trabalho dignas, combater a exploração infantil e o trabalho escravo, promover a diversidade e inclusão, além de investir em programas educacionais e sociais.
Governança:
Diz respeito às práticas de transparência, ética e conformidade legal da empresa. Isso envolve uma gestão corporativa transparente, alinhada com os interesses de todos os stakeholders, cumprimento de normas e regulamentações, além de uma estrutura de governança eficaz.
ESG representa um compromisso empresarial com a sustentabilidade, responsabilidade social e ética corporativa, refletindo uma abordagem holística que considera não apenas os aspectos financeiros, mas também os impactos sociais e ambientais das atividades empresariais.
Leis sobre Biodiversidade e ESG
As questões sobre Biodiversidade no Brasil estão em debate há décadas e o decreto nº 2.519/1998 torna essa frase um fato. De pouca eficiência prática, o que vemos são quadros alarmantes.
Em Lei, o decreto n° 2.519/1998 gravita em torno de três assuntos principais:
- a conservação da biodiversidade;
- utilização sustentável de seus componentes;
- repartição dos benefícios resultantes de sua utilização entre provedores e usuários.
Os tempos e necessidades se tornaram cada vez mais emergentes, bem como o avanço e aprofundamento dos debates e leis. O Projeto de LEI 4363/2021 tem um aprofundamento maior em relação às práticas ESG. Mesmo que ainda esteja longe de ser o suficiente, este projeto de lei tende a se potencializar nos próximos anos, tanto através do setor público, como privado.
Veja abaixo o Projeto de Lei que aborda ESG ou ASG.
Art. 1º. Esta lei institui o Selo Nacional ASG, conferido às empresas que investem em ações e projetos de motivação ambiental, social e de governança.
Art. 2º. Fica criado o Selo Nacional ASG, que será conferido às empresas que investem em ações e projetos de motivação ambiental, social e de governança.
§ 1º Para os efeitos desta Lei, entende-se por motivação ambiental, social e de governança ações e projetos que integram fatores sociais, ambientais e de governança no processo de investimento, caracterizado pelos seguintes instrumentos:
I – boas práticas com seus colaboradores, clientes e fornecedores valorizando a ética, a transparência e os mecanismos de compliance;
II – políticas e relações de trabalho voltadas a inclusão e diversidade, capacitação da força de trabalho, direitos humanos, privacidade e segurança de dados, diversidade na composição do Conselho de Administração;
III – Programas de Responsabilidade Social Corporativa (educação, saúde, saneamento, empreendedorismo, segurança viária, desenvolvimento econômico e social); IV- uso adequado dos recursos naturais e dos tipos de ferramentas empregadas, eficiência energética, uso de tecnologia limpa; V – matérias primas obtidas por meio de práticas regenerativas;
VI –consistência na metodologia utilizada para escolha dos investimentos iniciativas escalonadas no tempo, métricas, metas, integração ao plano estratégico e o acompanhamento contínuo desses instrumentos SF/21801.77391-48 Página 2 de 5 Avulso do PL 4363/2021.
Art. 3º Empresas detentoras do Selo Nacional ASG têm acesso aos seguintes benefícios:
I – prioridade no acesso a recursos e melhores condições de financiamento com juros reduzido em instituições financeiras públicas e privadas;
II – prioridade para desempate em licitações públicas;
III – tramitação prioritária em procedimentos administrativos necessários para o exercício legal da atividade;
IV – permissão para utilizar o Selo ASG em seus produtos, rótulos, embalagens e propagandas
Art. 4°. Os Fundos para serem considerados sustentáveis terão de ser avaliados segundo métodos que atestem seu compromisso ASG, além de ter a carteira sob constante monitoramento pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Art. 5º. O Selo Nacional ASG será concedido mediante critérios e formalidades definidos em ato normativo próprio do órgão da Administração Pública federal ao qual couber a execução desta Lei.
Art. 6º. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Os porquês de investir em negócios ou ideias sustentáveis poderiam ficar apenas pela lógica de que o meio ambiente não está aguentando o ritmo de consumo desenfreado, todo desmatamento e poluição do ar. Mas, não é “só isso”!
Além de potencializarem mudanças significativas tanto no ambiente de trabalho como propriamente no meio ambiente, ações ESG também atraem e fidelizam clientes. Entenda melhor abaixo.
Investimentos em ESG para empreendimentos ecoconscientes
Segundo o Diário do Comércio, entre 2021 e 2022, o investimento social corporativo realizado com recursos incentivados somou R$ 950 milhões, com destaque para o setor cultural, com aporte aproximado de R$ 343 milhões. Para o biênio 2024/25, a Comunitas aponta que 17% das organizações pretendem aumentar o investimento social corporativo.
Um estudo da XP Investimentos mostra que os fundos em biodiversidade aumentaram 4x mais no ano de 2023. As empresas com atividades que restauram e regeneram recursos naturais e ecossistemas, em vez de os degradarem, estão em alta e têm grande importância na possível mudança dos graves quadros climáticos de poluição do ar, entre outras questões ambientais que emergem em todo o planeta.
De acordo com a Forbes, existem mais de 500 fundos de índice focados em sustentabilidade apenas nos EUA, com mais de US$250 bilhões em ativos; uma estimativa de US$53 trilhões a nível mundial. Esses números continuam a aumentar.
Mas, vale a pena tanto investimento? Sem dúvidas! O cidadão começa, cada vez mais, a perceber a importância de estarmos atentos(as) a causas sociais ambientais e a consumir de empresas que olham para ESG. Para empresas, além de necessário, pode se tornar lucrativo.
Através da pesquisa feita pela Kantar, 56% dos entrevistados disseram ter parado de adquirir produtos e serviços de empresas que não investem em sustentabilidade ou impactam o planeta. Mais ainda, 63% dos consumidores brasileiros procuram marcas com histórico ativo de ações pró ESG.
A tendência é que consumidores de diferentes produtos e serviços passem a dar cada vez mais importância ao posicionamento de grandes empresas frente a questões sociais e ambientais. Adotar práticas ESG em seu empreendimento significa converter, aproximar e fidelizar clientes.
Diferentes países perceberam a importância de trabalhar ESG e o Brasil é um deles. Os investimentos e procura por empresas ecoconscientes só crescem.
Preservação da Biodiversidade a partir de Iniciativas ambientalmente responsáveis
Com foco em combater a perda da biodiversidade, algumas empresas se dedicam exclusivamente ao reflorestamento de áreas degradadas. Elas utilizam técnicas de plantio sustentável para restaurar ecossistemas danificados e promover a regeneração natural da flora e fauna.
Empresas que produzem e comercializam produtos derivados da floresta de forma sustentável, como óleos essenciais, mel, frutas silvestres, castanhas e produtos medicinais, contribuem para a valorização econômica da floresta em pé e incentivam a sua conservação.
Esses e outros modelos de negócios de impacto social, como a Rede de Mulheres do Maranhão, demonstram como é possível conciliar atividades econômicas com a preservação da biodiversidade, promovendo o desenvolvimento sustentável e a conservação dos recursos naturais para as gerações futuras.
Através de modelos de negócios que priorizam o reflorestamento, a valorização da economia da floresta em pé e o desenvolvimento sustentável, as empresas podem não apenas contribuir para a preservação dos ecossistemas naturais, mas também gerar impacto positivo em comunidades locais e fortalecer suas operações a longo prazo.
Implementação de práticas ESG na preservação da Biodiversidade
Abaixo, algumas possibilidades para implementar estratégias ESG na sua empresa:
- Implemente práticas de conservação de energia
Reduzir o consumo de energia não apenas economiza custos, mas também preserva os recursos naturais essenciais para a biodiversidade.
- Adote políticas de gestão de resíduos zero
Transforme os resíduos em recursos valiosos, contribuindo para um ambiente mais limpo e saudável para todas as formas de vida.
- Integre a biodiversidade nos processos de tomada de decisão
Priorizar a diversidade biológica em todas as decisões de negócios é essencial para garantir um futuro sustentável para as gerações futuras.
- Invista em projetos de reflorestamento e restauração de ecossistemas
Ao plantar árvores e restaurar habitats naturais, os negócios podem desempenhar um papel fundamental na proteção e na promoção da biodiversidade.
- Promova a transparência e a divulgação de informações ESG
A transparência total sobre as práticas ESG permite que os stakeholders avaliem o compromisso de uma empresa com a biodiversidade e a sustentabilidade.
- Desenvolva parcerias com organizações ambientais e científicas
Colaborações estratégicas fortalecem os esforços de conservação e pesquisa, impulsionando a inovação e o impacto positivo na biodiversidade.
- Eduque e capacite funcionários sobre questões ambientais
Funcionários engajados e conscientes são ativos valiosos na jornada de uma empresa em direção à sustentabilidade e à proteção da biodiversidade.
- Incentive a inovação e o desenvolvimento de soluções sustentáveis
Estimular a inovação orientada para a sustentabilidade, como a criação de produtos e serviços que promovam a biodiversidade e o bem-estar do planeta é um caminho importante e cada vez mais sem volta.
A preservação da biodiversidade emergiu como uma preocupação central nas agendas empresariais, especialmente no contexto do crescente enfoque em práticas sustentáveis e na economia global. A integração da biodiversidade nas estratégias ESG não apenas reflete uma resposta ética à crise ambiental, mas também oferece oportunidades tangíveis para empresas inovadoras.
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