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A pobreza afeta milhões de pessoas em todo o mundo. As estatísticas apontam que são mais de 780 milhões de pessoas vivendo abaixo do limite internacional da pobreza, com cerca de 2 dólares por dia. No entanto, o  desafio vai além da falta de recursos financeiros. A erradicação da pobreza abrange questões estruturais de desigualdade social, que perpetuam a exclusão de parcelas significativas da população.

Sabendo da importância do dia 17 de outubro, o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, continue a leitura e entenda suas causas, reflexos e possíveis saídas.

ODS 1: a erradicação da pobreza como meta global prioritária

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são uma agenda global lançada pela ONU em 2015, visando metas de desenvolvimento sustentável a serem alcançadas até 2030. Os ODS rapidamente ganharam destaque em todo mundo, em razão da  força e emergência da pauta.

Não à toa, a erradicação da pobreza foi definida como o ODS número 1, já que é a raiz de muitos outros problemas globais. A pobreza nega o acesso a direitos básicos, como alimentação, saúde e moradia, e perpetua a desigualdade.

Sem combater a pobreza é impossível avançar em outras áreas, como saúde e educação. Por isso, sua erradicação é essencial para um mundo mais equitativo.

 

Consequências da desigualdade social 

Os impactos da pobreza se manifestam de muitas formas e em diversas áreas da vida cotidiana. Veja a seguir como a desigualdade social reflete diretamente nos desafios enfrentados, principalmente, pelas populações mais vulneráveis.

Entenda a necessidade de erradicarmos a pobreza através de números! 

Quadros de insegurança alimentar 

Segundo a ONU, mais de 21 milhões de pessoas no Brasil enfrentam a fome diariamente, enquanto aproximadamente 70,3 milhões vivem em situação de insegurança alimentar. No cenário global, mais de 2 bilhões de pessoas enfrentam a insegurança alimentar e cerca de 800 milhões passam fome.

Em contraste, dados da ONU mostram que mais de 1 bilhão de refeições são desperdiçadas todos os dias ao redor do mundo, revelando uma preocupante contradição global entre o desperdício e a escassez alimentar.

Erradicar a pobreza é  garantir que todas as pessoas tenham os recursos necessários  para acessar uma alimentação adequada, rompendo o ciclo de insegurança alimentar. Quando a pobreza é eliminada, as famílias passam a  ter condições de manter uma alimentação completa, reduzindo drasticamente os índices de fome e seus reflexos sociais.

Falta de acesso à saúde e à qualidade de vida

Um estudo publicado na revista Nature Reviews Disease Primers revelou que as comorbidades estão diretamente ligadas às condições socioeconômicas. A pesquisa mostra que as populações menos favorecidas desenvolvem comorbidades, em média, 10 anos antes das mais ricas.

Cerca de 3 mil pessoas morrem por dia de doenças negligenciadas, como malária, tuberculose ou diarréias, atingindo principalmente os mais pobres. Essas doenças, causadas por parasitas e infecções, continuam a afetar milhões globalmente.

Segundo estudos apontados pelo Butantan, a pobreza impacta profundamente a possibilidade de acesso de uma criança às vacinas, por exemplo. Dados dos  relatório da “Situação Mundial da Infância” de 2023, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), mostra que 1 em cada 5 crianças de famílias pobres não receberam nenhuma dose da vacina tríplice bacteriana; enquanto entre as mais ricas, a proporção aumenta de 1 para 20. 

Viver na margem: a realidade da pobreza refletida na moradia precária

Em estudos realizados pela USP, constatou-se que, em 1985, as áreas urbanizadas totalizavam 1,2 milhão de hectares, número que saltou para 3,7 milhões de hectares em 2021. Nesse mesmo período, o assentamento em comunidades cresceu 3,4 vezes. 

De cada 100 hectares de urbanização nessas áreas, 15 foram ocupados em regiões de risco. Assim, nos últimos 37 anos, a ocupação urbana em áreas de risco triplicou, evidenciando um aumento alarmante da vulnerabilidade dessas populações.

Segundo dados do Ministério da Integração e do Serviço Geológico, mais de 4 milhões de pessoas moram em áreas de risco atualmente no Brasil. Populações negras e de baixa renda são as mais afetadas pelos desastres ambientais nas capitais brasileiras, por ocuparem territórios em que não são garantidos serviços básicos de saneamento. É o que mostra um estudo realizado pelo Instituto Pólis.

As áreas de risco são ocupadas por pessoas em situação de pobreza e que não têm outra opção. A maioria dos trabalhadores acaba vivendo onde o mercado imobiliário não tem interesse.

A face da pobreza na educação

A pobreza exerce um impacto significativo na educação, perpetuando desigualdades entre diferentes grupos sociais. Em um sistema meritocrático no qual os “melhores alunos(as)” conseguirão os “melhores cargos”, a qualidade  do ensino entregue nas diferentes classes acabam acentuando uma lógica de desigualdade.

No Brasil, por exemplo, a discrepância de recursos educacionais é alarmante: 68% das escolas privadas têm acesso a equipamentos digitais, enquanto apenas 10% das escolas públicas possuem essa infraestrutura. Já uma pesquisa da Sutton Trust, de 2017, revela que crianças menos favorecidas apresentam notas significativamente inferiores em relação aos alunos  da rede particular. Porém, estas não são as únicas questões.

Segundo o relatório de 2023 da OCDE, alunos de famílias de baixa renda têm 3 vezes mais chances de repetir a série em comparação aos estudantes de maior renda. Apenas 12,3% dos jovens mais pobres têm conhecimentos básicos de matemática necessários para exercer a cidadania. Somente 46% das camadas em situação de pobreza conseguem concluir o ensino médio e, destes, apenas 60% terminam antes dos 24 anos.

Cerca de 70,5% dos estudantes de baixa renda têm acesso ao ensino médio. 29,5% dos jovens das famílias brasileiras de renda mais baixa encontram-se em defasagem escolar, ainda no ensino fundamental, ou simplesmente estão fora da escola, por abandono ou evasão. Os dados são do Anuário Brasileiro da Educação Básica de 2021.

É possível erradicar a pobreza? 

Sim, é possível, mas isso requer um esforço conjunto e coordenado entre governos, organizações internacionais, sociedade civil e o setor privado. A erradicação da pobreza exige a implementação de políticas públicas eficazes que promovam a inclusão social, o acesso à educação de qualidade, assistência à saúde, oportunidades de emprego e proteção social.

Torna-se evidente a emergência em combater as desigualdades econômicas e sociais que perpetuam a pobreza. Investimentos em infraestrutura, desenvolvimento sustentável e programas de capacitação também são essenciais para empoderar comunidades e oferecer condições de vida dignas. 

Embora o desafio seja grande, a combinação de vontade política, recursos adequados e a colaboração entre diversos setores pode criar um ambiente propício para a erradicação da pobreza. Nós da Mandu Inovação Social acreditamos que um dos  caminhos  para  superar  a pobreza é a economia circular: conscientizar o consumo, plantar florestas e limpar cidades. 

Clique aqui e  entenda como a  economia circular pode ser uma poderosa ferramenta para superar a pobreza.