Em um período de tantas incertezas, torna-se cada vez mais comum as pessoas buscarem opções para terem uma renda ou algum caminho que possibilite ter outras formas de compor o salário no final do mês. Isso tem se tornado cada vez mais comum na vida dos brasileiros, que muitas vezes optam por empreender buscando alternativas na venda de algum produto ou serviço.
Ao longo de sua trajetória de quase 17 anos de existência, a Mandū acelerou mais de 30 negócios de coleta seletiva, o que possibilitou a transformação da realidade de muitas famílias, empreendedores e projetos/programas espalhados em todo Brasil e fora também, por meio da introdução de processos, qualificação do trabalho, ferramentas, investimentos e etc.
Nesse contexto, na última terça-feira, dia 20/7/2021, o nosso fundador Felipe Bannitz, participou de uma entrevista para o programa Expresso Capital, da Rádio Capital. Na ocasião, os apresentadores Wagner Belmonte e Marcela França abordaram 2 importantes temas: o empreendedorismo e a coleta seletiva. Em razão disso, caso você não tenha tido a oportunidade de acompanhar a entrevista, confira aqui os pontos abordados nesta conversa.
Wagner : Felipe, o que é empreendedorismo social?
Felipe: Empreendedorismo social representa alternativas ao desemprego. Na escola nós aprendemos que depois de terminá-la nós temos que começar a trabalhar, mas como nem sempre é assim, pois existem épocas que não há trabalho para todos, é importante correr atrás de outras possibilidades, que é o caso do empreendedorismo.
Marcela: Isso se aplica, por exemplo, ao universo da coleta seletiva e de quem trabalha, às vezes de forma tão improvisada com reciclagem?
Felipe: A catação de materiais recicláveis no início da década de 80 se tornou uma alternativa para muitas famílias principalmente nos grandes centros urbanos, que coletavam ao longo do dia e vendiam ao ferro velho no final do dia. Já na década de 90, eles começaram a perceber que se unindo era possível construir uma outra realidade de trocar a carroça por um caminhão, por exemplo. Existem muitos casos de pessoas que conseguem ganhar até R$3.000,00 e com condições dignas. Alguns conquistam até galpões próprios e tem a possibilidade de ter filhos cursando faculdade. Essas pessoas se organizaram e seguiram caminhos diferentes daquela situação de vida precária. Ou seja, aquelas pessoas que furavam o lixo, hoje são empresários, muitas vezes até com frotas de caminhões. Não se trata de um caminho rápido e nem fácil, mas que é super possível. Uma trajetória muito bonita que acompanhamos de sair da situação precária para ter até a casa própria (galpão dos catadores).
Wagner: Como fazer as pessoas refletirem para onde vai o lixo que produzem? Como criar consciência na mente das pessoas?
Felipe: Essa é uma questão importante. A reciclagem é um tema muito ligado ao meio ambiente, mas que hoje existem campanhas que mostram a necessidade de fazer a separação do lixo orgânico daquilo que é possível reciclar, então esse é o principal discurso, mas há também a questão social de pensar que a reciclagem pode ser uma renda para alguém que trabalha com a catação. Esse resíduo pode virar uma caixa de leite para uma criança, por exemplo. A gente está falando de muitas pessoas que vivem e dependem desse material que pode ser reaproveitado. Ou seja, esse ato nobre e simples pode ajudar muitas famílias que trabalham como catadores.
Marcela: A Mandū desenvolveu em Itumbiara uma ação com personagens que saíram do lixão e prosperaram na cooperativa de materiais recicláveis. Conta pra gente como foi…
Felipe: Esse foi um projeto realizado com duas empresas privadas e a Mandū foi convidada para realizar um trabalho social na região. Identificamos então que a Estação Reciclar, formada por um casal de catadores, naquela época estavam trabalhando de maneira muito simples. Eles já tinham infraestrutura cedida pela prefeitura e nós fizemos um planejamento totalmente participativo com eles. Através de um plano de negócios, definimos quantas pessoas seriam beneficiadas e quanto cada um ganharia. Foi identificado quantos quilos de coleta deveria ser feita, quais os bairros do trajeto, como organizar tudo dentro do galpão, as saídas aos compradores. Ou seja, uma espécie de banho de loja. O resultado foi o aumento da coleta e vinda de jovens que viviam no lixão, que já não queriam mais essa vida. A juventude não queria aquela situação, mas ao mesmo tempo, eles precisavam da motivação e de renda. Temos várias histórias de jovens que conseguiram superar situações difíceis da vida.
Assista aqui o vídeo de transformação da Estação Reciclar
Wagner: Como encorajar quem precisa, mas ainda não tem coragem de virar a mesa e empreender?
Felipe: “Eu falo levantar da cadeira. O principal ponto é coragem, atitude, conhecimento você busca, principalmente agora com a internet. Você tem que acreditar que consegue. Você tem que se inspirar em outros exemplos que conseguiram. Busque alguém no seu bairro que deu certo, pergunta como começou… Se possível, se agarre em algo que você tenha paixão por fazer. Tá, mas aí como faz? Aí entram os caminhos, pesquisar, escutar as pessoas/possíveis clientes e investigar. Busque seus talentos e vai pra cima. Não será fácil, mas é possível. Conquiste seus sonhos”!
É nesse sentido que estamos trabalhando. Transformamos ideias em projetos e programas de geração de valor compartilhado entre sociedade, governo e empresas.