Trimembração
Você já ouviu falar sobre trimembração do pensar, sentir e querer/agir?
Rudolf Steiner (1861 – 1925) traz a visão de que o homem tem 3 inteligências humanas principais, que são abordadas por Felipe Bannitz (Presidente e Fundador da Mandū) em seus cursos e treinamentos:
- Mente – pensar: É a nossa caixa craniana dura, que tem a capacidade de registrar e processar informações. A mente é sábia!
- Coração – sentir: É como absorvemos, digerimos e sentimos o que a mente recebe. Um coração vigoroso é amoroso!
- Membros – querer / agir: São as nossas atitudes e escolhas. Um querer/agir vigoroso conectado com uma mente inteligente e um coração amoroso é um querer/agir poderoso!
A partir do conceito de trimembração do ser humano pautado no método base da antroposofia, utilizamos a estrutura conceitual para concebermos as tecnologias sociais da Mandū Inovação Social.
Antroposofia é uma ciência espiritual moderna e prática, desenvolvida pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner (1861-1925), que propõe uma forma livre e responsável de pensar, de perceber a realidade e de atuar, observando e respeitando o ser humano e a realidade na qual está inserido. Esta ciência pode permear o dia-a-dia como atitude, como visão de mundo e como possibilidade ampliada de trabalho em diversas áreas da vida humana: saúde, educação, agricultura, artes, convívio social, entre outras.
Entendemos que para construir processos de aprendizados ricos, se faz necessário, por exemplo, a integração de técnicas capazes de gerar ciclos de aprendizagem vivencial. Nessa direção, também utilizamos técnicas andragógicas ao longo do processo de desenvolvimento de negócios comunitários, conforme imagem abaixo.
Nas ações e projetos de inovação social promovidos por nós, bebemos da fonte da antroposofia e utilizamos a metodologia nos processos de aprendizagem das comunidades e grupos, com o objetivo da consolidação de uma equipe alinhada, com bons vínculos e capacidade de criar coletivamente.
Partindo da trimembração, no processo de aprendizagem existem 2 caminhos: da instrução e da descoberta.
No 1º caso, o ser humano recebe o conteúdo, absorve (se fizer sentido) e executa. Já no 2º caso, quando o indivíduo se integra no processo, ele cria (erra, corrige, aprende, acerta e etc), percebe (o que é melhor ou pior) e conclui (experimenta, descobre e etc). “Dessa forma, por exemplo, os mais antigos/vividos, que já tem boas conclusões, pois fizeram muito ao longo da vida, podem passar os ensinamentos aos mais novos. Assim, se acelera o processo infinito de instrução e descoberta.” (Felipe Bannitz)
Esse processo é o desenvolvimento da tecnologia social que utilizamos na Mandū. É dessa forma que nós enxergamos a nossa capacidade de junto às comunidades/grupos criar o novo, de desenvolver ferramentas que os ajudem a melhorar a execução de maneira que aumente a performance, reduza custos, gere renda, transforme os locais onde vivem e etc.
CAV – Ciclo de Aprendizagem Vivencial
Outra metodologia utilizada na Mandū e que funciona muito bem para planejar atividades que explorem os momentos de “pensar, sentir e fazer” dos educandos é o CAV – Ciclo de Aprendizagem Vivencial – criado pelo psicólogo americano David KOLB, em 1990, dentro do contexto da Andragogia.
Andragogia diz respeito à educação para adultos e seu uso é amplo, extrapolando, muitas vezes, o ambiente da sala de aula. Essa vertente de ciência da educação pode ser aplicada tanto no meio acadêmico, na educação formal, quanto no contexto social e político (palestras, discursos, debates) ou empresarial (treinamentos, palestras, reuniões).
O CAV ocorre quando o participante se envolve numa atividade, analisa-a criticamente, extrai algum insight útil dessa análise e aplica seus resultados. Este processo é vivenciado espontaneamente no dia a dia, mas também pode ser criado, em situações controladas, visando alcançar focos de aprendizagem específicos.
A aprendizagem vivencial é estimulada pelo educador por meio de 5 etapas:
– Vivência: É a realização da atividade em si, conduzida pelo educador. Pode ser um vídeo, uma dinâmica, um jogo ou um estudo de caso – de preferência em uma temática que envolve o assunto que está sendo desenvolvido.
– Relato: Momento de expressão e compartilhamento das reações e sentimentos. Podem envolver perguntas como: “Como foi para vocês ver esse vídeo”, “Como se sentiram”.
– Processamento: Momento de análise do desempenho do grupo e discussão dos padrões. O facilitador deve conduzir um diálogo embasado nas experiências, comportamentos, sentimentos e aprendizados que a atividade proporcionou. Podem ocorrer perguntas sobre algo específico ocorrido na vivência que esteja relacionado ao tema que está sendo explorado. “Qual a visão de vocês sobre o que aconteceu?”.
– Generalização: É o momento de comparação e inferências com situações reais. “Alguém já viveu algo assim na vida?”, “O que esta vivência tem a ver com o grupo ou o negócio de vocês?”.
Entre a generalização e a aplicação podemos ter um momento de fechamento conceitual, em que se pode trazer informações mais teóricas ou lição a ser aprendida.
– Aplicação: É o compromisso pessoal com as mudanças, planejamento de comportamentos mais eficazes e da utilização dos novos conceitos no dia-a-dia de sua atividade profissional e sua vida pessoal. “De que forma vocês podem aplicar esses aprendizados no seu dia-a-dia?” Nessa etapa, pode-se passar uma tarefa prática de aplicação dos conhecimentos e compartilhar ferramentas.
Seguindo esse modelo, por exemplo, em uma oficina para implantação de um livro caixa, a receptividade e entendimento do grupo é muito maior do que se a atividade fosse desenvolvida apenas com a inserção da ferramenta.
É importante que se tenha em mente que as etapas do CAV estão bem separadas aqui apenas para fins didáticos e para melhor conduzir a linha de raciocínio. Mas não se deve engessar a condução durante o debate, sob pena de perder a riqueza da discussão. É interessante deixar que o grupo exponha suas ideias e percepções livremente, e através de perguntas seja direcionado o foco da aprendizagem para os conceitos que se pretende abordar.
São técnicas como essas apresentadas, que buscam construir um espaço seguro onde os participantes possam trazer à tona suas reflexões e aprender sem perceber que estão aprendendo.